Mãe Enlutada ou Mãe Fragmentada? Reflexões sobre a Dor da Perda
- Daniela Paiva
- 27 de jun.
- 2 min de leitura
Daniela Paiva | Salvador - BA
A maternidade é frequentemente idealizada como um dos momentos mais felizes da vida. Fui mãe aos 20 anos e, desde então, a única certeza que mantive foi a de que eu nunca desejaria perder meu filho. O pensamento de enfrentar essa dor era insuportável. Contudo, a vida é cheia de surpresas devastadoras e, tragicamente, a morte veio e levou meu filho.
Hoje me questiono: sou uma mãe enlutada ou uma mãe fragmentada? Essa dúvida persiste em minha mente, mas uma coisa é certa: a dor é intensa. A perda não apenas me deixa em luto, mas retira de mim uma parte fundamental do que sou. É como se um pedaço imenso de mim tivesse sido arrancado. O vazio que se instala é profundo e avassalador.

A Natureza do Luto
Refletindo sobre essa dor, percebo que o luto é um processo que invade todos os aspectos da minha vida. Ele não é apenas uma fase passageira; ele se torna um companheiro constante, algo contra o qual lutamos diariamente. O luto é uma batalha contra a saudade, a tristeza, a angústia e a dor que nos consome. Não é algo que se possa simplesmente ignorar ou deixar para trás.
Fragmentação da Alma
A metáfora da fragmentação é poderosa e, talvez, mais apropriada. A dor é tão intensa que, muitas vezes, sinto como se uma parte de minha alma tivesse sido extirpada. A vida, que anteriormente parecia cheia de significado e alegria, agora se apresenta como um oco. Essa sensação de dor é indescritível e se torna cada vez mais difícil de enfrentar.
O Dia das Mães
Ao me deparar com o Dia das Mães, uma reflexão surge: esse dia foi pensado para todas as mães, mesmo aquelas que enfrentam a perda de um filho? Essa data celebra a maternidade, mas como uma mãe fragmentada ou enlutada, sinto que o significado dela se transforma. É um lembrete da ausência, da dor e da saudade. Neste contexto, discussões sobre o significado e a inclusão de todas as experiências maternas se tornam essenciais.
Concluindo...
A dor da perda de um filho é incomensurável e repleta de nuances. Todas as mães, independentemente de suas circunstâncias, merecem ser reconhecidas e respeitadas. Seja como mães enlutadas ou fragmentadas, nossa dor e nossa luta são reais. Compartilhar essas experiências é vital para que possamos encontrar um espaço de acolhimento e compreensão.
Afinal, a maternidade, com todas as suas facetas e desafios, é uma jornada complexa que merece ser discutida.
Eu não tenho como mensurar a dor de perder um filho. Mas creio que haja uma sensação de vazio constante. Meu abraço!