Entre Páginas e Maternidade: O poder da leitura na vida das Mães Negras
- Edna Rodrigues dos Santos Montenegro
- 23 de abr. de 2024
- 3 min de leitura
O dia 23 de Abril é marcado como o Dia Internacional do Livro. É uma celebração global dedicada à importância da leitura e da indústria literária, escolhida pela UNESCO em homenagem a grandes escritores como William Shakespeare, Miguel de Cervantes e Garcilaso de la Vega. Além disso, a UNESCO reconhece cidades ao redor do mundo como "Capital Mundial do Livro" para destacar seu compromisso com a literatura.
Este ano, em 2024, Estrasburgo, na França, foi escolhida como Cidade do Livro. "Em tempos incertos, muitos recorrem aos livros como refúgio e fonte de sonhos", disse a UNESCO. O Rio de Janeiro receberá essa distinção em 2025, comprometendo-se a promover livros, leitura e atividades culturais ao longo do ano.
O livro físico evoluiu ao longo da história, desde rolos de papiro até os modernos e-books. As novas tecnologias transformaram a leitura, tornando os e-books e audiobooks populares e acessíveis. Eu sempre gostei de ler e os livros sempre foram companhias do meu dia-a-dia. No entanto, confesso que, após a maternidade, encontrar um momento para a leitura tornou-se desafiador em meio aos dias cheios de surpresas que afetam a rotina e a organização. Mesmo assim, os livros foram meu refúgio durante o puerpério e continuam sendo uma fonte de consolo e inspiração. Autoras como Chimamanda Ngozi Adichie, Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus, Elisa Lucinda, Djamila Ribeiro, entre outras, têm sido minhas companhias literárias, oferecendo perspectivas valiosas sobre a maternidade e a vida.
Além disso, os livros aproximam-me dos meus filhos. Ler histórias na hora de dormir cria vínculos especiais e possibilita conversas profundas, gerando memórias afetivas duradouras. Preocupo-me com o tipo e a qualidade das histórias, procurando autores negros e histórias que façam sentido para o momento em que estão passando.
Os livros, mesmo que de forma não tão assídua como no passado, continuam presentes, sendo suportes importantes do meu maternar.
Assim como os livros contam histórias, nossas próprias vidas são narrativas em constante evolução. Carregamos conosco as histórias de nossos antepassados, suas lutas e tradições. Na cultura africana, o conceito de "Sankofa" nos lembra da importância de olhar para trás, aprender com o passado e aplicar essas lições ao presente. Esse olhar ancestral enriquece nossa jornada como mães, muitas vezes sem percebermos. Nossa história pode não estar registrada em um livro físico, mas nossa vivência é cheia de significado e molda nossa jornada como mães e mulheres.
Ler sobre a vida de outras mães e mulheres negras, e consumir literatura feita por outras mulheres, pode trazer significado para o que já fazemos e também nos proporcionar perspectivas diferentes.
Reservar um tempo para a leitura durante a maternidade pode parecer desafiador em meio às demandas diárias e à rotina agitada. No entanto, encontrar momentos para ler pode ser uma forma valiosa de autocuidado e de enriquecer a jornada da maternidade.
Neste dia, convido a conhecerem a profunda obra de Conceição Evaristo e a mergulhar nesse universo literário único, repleto de poesia, humanidade e profundidade, tais como "Ponciá Vicêncio", "Becos da Memória" e "Olhos D'água". Como uma das vozes mais importantes da literatura brasileira contemporânea, Evaristo nos presenteia com narrativas poéticas e poderosas que exploram as experiências e memórias das mulheres negras no Brasil.
E você, qual a sua relação com os livros? Tem tido um tempo para leitura? O que você tem lido?
Deixe aqui nos comentários sua sugestão.

Edna Rodrigues dos Santos Montenegro
Mãe de dois seres humanos incríveis, Miguel e Rafael
Servidora pública e Membra da Comunidade Mães Negras do Brasil
Parabéns pelo texto 👏 👏 👏
Lindo artigo, a leitura nos completa, preenche nossas lacunas, com sabedoria e diversão.
Obrigada por compartilhar.
Artigo necessário, pertinente e atemporal. Gratidão aos envolvidos.
Amo Conceição Evaristo, dos citados, só não li, ainda, olhos d'água. A leitura sempre foi o caminho para me reencontrar e não me perder de mim nesse longo percurso entre a mulher, a profissional , a esposa , a mãe e a maternidade. Sempre recorro quando necessário. A leitura constante ajuda a não me perder. Nem se for um trechinho !!