
Maternidade e Matripotencialização: um ato de amor ancestral
- Mães Negras do Brasil
- 27 de jul.
- 2 min de leitura
É fundamental ampliarmos o olhar sobre o que é, de fato, maternar.
A maternidade, entendida como o gesto de gerar uma criança no ventre, é um dos caminhos do amor ancestral. Mas há outro gesto igualmente sagrado e transformador: o da matripotencialização, que independe de gênero, conforme a cultura Iorubá.
Matripotencializar é amar, cuidar, proteger e fortalecer. É acompanhar a formação de uma vida, mesmo sem a ter gerado biologicamente. É oferecer colo, escuta, valores e afeto.
É ensinar com a presença do ponto de vista feminino, onde muitas mulheres negras e não negras possuem esse dom de gestar com o coração.
Essa prática ancestral está viva nas madrinhas, as avós, madrastas que acolhem, por exemplo na avódrasta (esposa do meu pai, que não tem filhos, que é avó do coração da minha filha) que é parceira, nas tias que aconselham e instruem, nas vizinhas que alimentam, nas irmãs que tomam conta, das educadoras que inspiram e incentivam, nas religiosas que guiam, na amiga da família que leva para passear e motiva.
Está viva nas mulheres que são muitas vezes invisibilizadas pelas estruturas sociais, mas que contribuem de forma verdadeira na sustentação de uma infância mais digna, mais amorosa, mais potente.
Como nos ensina o provérbio africano:
“É preciso uma aldeia inteira para criar uma criança.”
E quem compõe essa aldeia? Mulheres que, mesmo não sendo mães biológicas, tornam-se matrigestoras, matripotencializadoras de vidas. Elas seguram a mão da criança no caminho da existência. Elas são alicerces silenciosos, mas fundamentais. São mães de coração, de alma, de luta.Importane ressaltar que matripotencializar alguém não compete apenas ao gênero feminino.
Honremos todas as formas de maternar. Que possamos, com coragem e ancestralidade, visibilizar e valorizar mulheres e outras pessoas que matripotencializam — pois o mundo só se transforma quando o cuidado se multiplica.
Que toda criança tenha uma aldeia.
E que toda aldeia valorize o ser que faz da vida um gesto de amor.
Seja você uma pessoa que matripotencialize vidas!
Texto de Thaissa Moreno
Psicóloga na abordagem afrocentrada | Palestrante e Consultora em Letramento Racial | Atendimento Psicológico Individual | Inclusão e Diversidade em Escolas e Empresas
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Instagram @psicólogathaissamoreno








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